O macumbeiro mais famoso do Maranhão foi destaque na Revista Veja desta semana. Bita do Barão foi entrevistado e revelou que já iniciou os “trabalhos” para eleger Roseana Sarney (MDB), governadora pela quinta vez. No entanto, a ex-governadora diz que mantém sua fé no catolicismo ao responder o repórter que a questionou sobre a possibilidade de ser mandingueira.
Na reportagem é revelado que os senadores João Alberto (MDB) e Edison Lobão (MDB), também mantém relação com o Bruxo de Codó.
Confira a reportagem na íntegra:
Veja – Encontrar o equilíbrio espiritual, trazer um amor perdido de volta, ter sucesso nos negócios e atrapalhar a vida de um inimigo são alguns dos pedidos mais comuns feitos aos pais de santo. Para Bita do Barão, um dos mais celebrados feiticeiros do Maranhão, a cartela de serviços oferecidos vai além de questões tão terrenas, tão prosaicas. Ele ficou famoso por atrair políticos em busca de uma única e singela encomenda: vencer as eleições. Seus principais clientes são José Sarney e sua filha, Roseana, pilares do clã do MDB que por décadas manda e desmanda no estado. Os dois recorrem ao babalorixá há pelo menos quarenta anos, seja em véspera de pleitos, seja por questões de saúde. Roseana se consultou com Bita para enfrentar um câncer no pulmão, outro na face e um aneurisma cerebral.


A filha de Sarney não percorre as estradas esburacadas que ligam São Luís a Codó. Viaja de helicóptero até a cidade, cujo Índice de Desenvolvimento Humano é 0,595 (equivalente ao da República do Congo e ao da Guiné Equatorial). Roseana desce no aeroporto privado do empresário Francisco Carlos de Oliveira, pai do prefeito da cidade, Francisco Nagib de Oliveira. A frequência assídua lhe garantiu um quarto dentro da casa de Bita. Por meio da assessoria de imprensa, Roseana diz não ser mandingueira e reforça suas crenças católicas. “Todos que conhecem a minha história sabem da minha extrema fé em Deus”, diz.

Nascido Wilson Nonato de Souza, o nome religioso do pai de santo surgiu de uma mistura: bita é o apelido local de cabrito e barão se deve ao fato de o religioso incorporar uma entidade chamada barão do Guaré. Seus pais não aceitaram seu dom mediúnico na infância. Estudou até os 10 anos e trabalhou em uma tecelagem até encarar seus dotes como uma missão divina. Como estratégia para demonstrar vitalidade, mente a idade sem se ruborizar. Às vezes afirma ter 80 anos, outras vezes, 103. Mostrar o documento de identidade para tirar a dúvida está fora de cogitação. A pele lisa, jura por Iemanjá, ele diz ser força de seu DNA — e não do Botox. Quando não está no terreiro, parece um senhor discreto, adepto de ternos bem cortados e de cores sóbrias. É assim, aliás, que vai dar passes em José Sarney em Brasília. Mantê-lo por perto faz parte de uma tradição dos clientes. No mês passado, o senador Edison Lobão (MDB) pisou em falso na saída de um restaurante. O acidente resultou numa fratura no fêmur. “Olha só o que me foi acontecer, não fico mais um ano sem ir ao terreiro do Bita”, brinca Lobão. Viúvo há 36 anos, o religioso tem uma única filha, Janaína, que considera sua herdeira espiritual nos negócios de terecô. Embora afirme trabalhar quinze horas por dia, ele encontra tempo para a namorada, Iolanda, também mãe de santo. “Mas não temos relações, já não consigo”, avisa, com um sorriso. Alguns trabalhos parecem ser mais difíceis que outros.
Fonte: Diego Emir
Fonte: Diego Emir
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